segunda-feira, 31 de março de 2008

Sou como o resto de uma nuvem de outono errando inutilmente pelo céu, ó meu sempre e glorioso sol. O teu contato ainda não dissolveu a minha névoa para integrar-me na tua luz, e por isso vou contando os meses e os anos que vivo longe de ti.
Se é da tua vontade e se é para a tua recreação, toma então esta minha oca leviandade, tinge-a de cores, doura-a com ouro, entrega-a ao vento lascivo e dispersa-a em variegadas maravilhas.
E se for mesmo da tua vontade acabar com esse brinquedo, de noite, eu me dissolverei e desaparecerei por aí, na escuridão, e quem sabe se no sorriso da manhã alva, se numa frescura de transparente pureza.

Tagore